quarta-feira, 3 de março de 2010

FESTIVAL DA CANÇÃO 2010


Desde o tempo em que comecei a ter contacto directo com a música que o Festival da Canção foi sempre um dos programas que assistia assiduamente. Sempre gostei de comentar e trocar ideias sobre o que se lá passava com quem, de algum modo, à música também estava ligado.
Resisti à tentação das inúmeras mensagens que recebi para visitar sítios da internet a anteverem as músicas nacionais a concurso deste ano. Não queria, antes de ver a primeira semifinal, construir um pré-conceito das mesmas pois encaro o factor surpresa como um dos ingredientes que estimula o brilho (agora um pouco baço) do programa em causa.
Ontem foi dia da já referida primeira semifinal do concurso. Fiquei boquiaberto com o que vi e principalmente com o que ouvi… Há uma variada selecção de músicas, que vão desde as mais solenes até às paródias, marcando um ponto de inflexão para um festival que vive actualmente entre a decadência e a redefinição.
Não compreendo como os autores das músicas (alguns conceituados (segundo alguns especialistas, o topo, the best!) a nível nacional) conseguem fazer tais atentados à arte, culminando com vozes dignas dos cromos do Ídolos.

Verifiquei:

- músicas triviais sem qualquer “ornamento” que me estimulasse
- o uso e abuso da guitarra portuguesa, que na maioria dos casos só trás desgraças
- vozes sem qualidade
- desafinações inaceitáveis
- coreografias de meter medo
- coros dúbios
- concentração de imbecis por detrás das músicas
- que a aparência prevalece sobre a qualidade artística
- uma passagem pelo palco de marionetas
- que a arte e o esplendor do programa é inexistente

Sem mais comentários, recordo os participantes nacionais no Festival da Eurovisão da Canção:

António Calvário (1964 - Oração), Simone de Oliveira (1965 – Sol de inverno, 1969 – Desfolhada à Portuguesa), Madalena Iglésias (1966 – Ele e Ela), Eduardo Nascimento (1967 – O vento mudou), Carlos Mendes (1968 - Verão, 1972 – Festa da vida), Sérgio Borges (1970 – Onde vais rio que eu canto), Tonicha (1971 – Menina do alto da serra), Fernando Tordo (1973 - Tourada), Paulo de Carvalho (1974 – E depois do adeus), Duarte Mendes (1975 - Madrugada), Carlos da Carmo (1976 – Uma flor de verde pinho), Os Amigos (1977 – Portugal no coração), Gemini (1978 – Dai li dou), Manuela Bravo (1979 – Sobe sobe balão sobe), José Cid (1980 – Um grande grande amor), Carlos Paião (1981 – Play back), Doce (1982 – Bem bom), Armando Gama (1983 – Esta balada que te dou), Maria Guinot (1984 – Silêncio e tanta gente), Adelaide Ferreira (1985 – Penso em ti (eu sei)), Dora (1986 – Não sejas mau para mim, 1988 - Voltarei), Nevada (1987 – Neste barco à vela), Da Vinci (1989 - Conquistador), Nucha (1990 – Sempre (há sempre alguém)), Dulce Pontes (1991 – Lusitana paixão), Dina (1992 – Amor d’água fresca), Anabela (1993 – A cidade (até ser dia)), Sara Tavares (1994 – Chamar a música), Tó Cruz (1995 – Baunilha e chocolate), Lúcia Moniz (1996 – O meu coração não tem cor), Célia Lawson (1997 – Antes do adeus), Alma Lusa (1998 – Se eu te pudesse abraçar), Rui Bandeira (1999 – Como tudo começou), Liana (2000 – Sonhos mágicos), MTM (2001 – Eu só sei ser feliz assim), (em 2002 a RTP recusou o convite da UER e não fez festival), Rita Guerra (2003 – Prazer no pecado), Sofia Vitória (2004 – Foi magia), 2b (2005 - Amar), Nonstop (2006 – Coisas de nada), Sabrina (2007 – Dança comigo), Tânia Fernandes (2008 – Senhora do mar), Flor de Lis (2009 – Todas as ruas do amor).

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