terça-feira, 22 de setembro de 2009

CAVACO SILVA AFASTA FERNANDO LIMA DO CARGO

O Presidente da República afastou Fernando Lima do cargo de responsável pela assessoria para a Comunicação Social, que passará a ser desempenhado por José Carlos Vieira.

Segundo disse à Lusa uma fonte oficial da Presidência da República, trata-se de uma "decisão do Presidente da República". No site da Presidência da República o nome de José Carlos Vieira já se encontra como o assessor para a Comunicação Social.

Fernando Lima, de 59 anos, foi assessor do Presidente da República nos X, XI e XII governos constitucionais, entre 1985 e 1995. Também foi assessor de Martins da Cruz (MNE) no Governo de Durão Barroso.

Iniciou-se no jornalismo no Comércio do Porto e foi director do Diário de Notícias (2003-2004).

A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, em campanha, já disse que, "por agora, não comenta um caso particular da Presidência da República".
Em campanha, na Covilhã, Paulo Portas, líder do CDS-PP afirmou que, “se foi essa a decisão do Presidente, é clarificadora".

Assunto por esclarecer

O afastamento de Fernando Lima é visto por politólogos contactados pela agência Lusa como um reconhecimento de Cavaco Silva de que os episódios recentes sobre o “caso das escutas” foram “significativos”.

Para o politólogo e professor da Universidade de Aveiro Carlos Jalali, o Presidente da República poderá ter afastado Fernando Lima por um de dois motivos: num primeiro nível “para proteger” o outrora assessor no “desempenho das suas funções”, de “ponte” entre a Presidência e a imprensa, e num segundo registo como uma forma de “encontrar responsáveis” para as situações vindas a público recentemente.

O sociólogo André Freire recorda que Cavaco Silva afirmou que não iria falar sobre o assunto das escutas em período eleitoral mas que, depois das eleições, iria tentar “obter mais informações sobre questões de segurança”.

Para André Freire, o presidente da República “falou por acto” ao afastar Fernando Lima do cargo de assessor para a comunicação social da Presidência.

“Este é um assunto que ainda não está totalmente esclarecido e que vai continuar nas notícias. Cavaco reconhece com o afastamento de Fernando Lima que existiu uma tentativa de ‘plantar notícias’ ou de levar jornalistas a procurar informações específicas”, refere o sociólogo.

Já António Costa Pinto, do Instituto de Ciências Sociais (ICS), reconheceu à Lusa “não esperar” o afastamento de Fernando Lima “nesta fase”, tendo em conta a situação actual de “plena campanha eleitoral”.

Em matéria de possível significado político do afastamento de Fernando Lima, Costa Pinto admite que “algo de incorrecto” se passou no âmbito de uma relação “por vezes promíscua” entre “as instituições e a Comunicação social”.

Na passada sexta-feira o “Diário de Notícias” escreveu que o assessor do Presidente da República Fernando Lima teria sido a fonte do PÚBLICO nas notícias de 18 de Agosto em que se afirmava que Cavaco Silva suspeitava estar a ser espiado pelo Governo de José Sócrates. O jornal publicava, ainda, um alegado e-mail trocado entre dois jornalistas do PÚBLICO.

Essa suspeita foi formulada a propósito de críticas do PS quanto à alegada participação de assessores de Cavaco Silva na elaboração do programa eleitoral do PSD. Na notícia do PÚBLICO, uma fonte de Belém questionava a forma como os socialistas poderiam saber dessa participação: "Como é que os dirigentes do PS sabem o que fazem, ou não fazem, os assessores do Presidente? Será que estão a ser observados, vigiados? Estamos sob escuta, ou há alguém na Presidência a passar informações? Será que Belém está sob vigilância?"

Depois da notícia do PÚBLICO, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, adiantou o nome de Fernando Lima como a fonte da notícia do diário em entrevista à SIC. Foi na sequência desta manchete que o PÚBLICO noticiou que as alegadas suspeitas de Cavaco Silva quanto a uma vigilância do Governo remontavam à visita do Presidente à Madeira em 2008, na qual teria sido observado um comportamento alegadamente suspeito por parte de um assessor governamental, Rui Paulo Figueiredo.




Público

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