terça-feira, 8 de setembro de 2009

A I.C.A.R. PORTUGUESA E O TESTAMENTO VITAL

O Santo Padre, cada vez mais padre e menos santo, reagiu mal à carta subscrita por 41 párocos italianos, a apoiar o direito dos doentes terminais a recusarem o tratamento. O inveterado celibatário, que o múnus e a idade tornaram casto, é igualmente adversário do preservativo, do planeamento familiar, do divórcio e do sexo que não tenha em vista a procriação.

Do velho inquisidor ninguém espera outro comportamento ou a mínima manifestação de humanidade. É assim e não se pode esperar mais. A surpresa vem do patriarca Policarpo sobre quem, durante muitos anos, correu o boato de ser tolerante e progressista.

Deu-lhe para condenar «os bispos e padres que se consideram com o direito de decidir pela sua própria cabeça» o que irritou o bispo de Viseu, Ilídio Leandro, e o comandante-chefe dos católicos fardados, Januário Torgal Ferreira, dois bispos que se arrogam o direito de decidir pela sua cabeça à semelhança dos livres-pensadores e jacobinos.

Qualquer beato sabe que a fé se baseia no dogma e não na inteligência, na obediência ao Papa e não na liberdade, sendo os referidos bispos cabeças que só o fim da inquisição permite manter ligadas ao tronco.

Se os bispos começarem a pensar, correm o risco de se tornarem pessoas normais, de se afastarem das verdades divinas e de se tornarem comuns mortais. Há nesta deriva livre-pensadora o risco da heresia, o perigo cismático, a possibilidade de deixar o Papa a falar sozinho com os apaniguados do Opus Dei e os sucessores de monsenhor Lefebvre. E o perigo ameaça tornar-se maior se os padres seguirem o caminho destes bispos que reivindicam a inteligência e, com eles, os crentes que começam por duvidar da virtude do Papa e acabam desinteressados do calvário do deus que lhes ensinaram.

A liberdade é o veneno da fé e o patriarca, sabedor disso, limita-se a preservar o dogma como um náufrago que se agarra aos destroços de um navio que se afunda.


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