O secretário-geral do PS, José Sócrates, sublinhou este sábado diferenças entre as políticas do seu partido e as da direita, em resposta a Jerónimo de Sousa (PCP), que defendeu que há uma convergência "nas questões estruturantes"
No debate televisivo na RTP1, José Sócrates apontou medidas do seu governo, como o aumento do salário mínimo nacional em 10 por cento e o programa Novas Oportunidades como políticas que não são de direita.
A principal diferença apontada pelo secretário-geral do PS em relação à direita tem a ver com o Estado social e as políticas propostas para a educação, a saúde e a segurança social, sectores para que "a direita propõe uma privatização parcial".
"Se temos essa ameaça da direita no sector social, não percebo porque é que o Partido Comunista faz do seu alvo principal o PS", sustentou Sócrates, afirmando que "ao menos" o PCP também deveria "atacar as políticas de direita".
Num discurso onde fez apelos ao voto útil nos socialistas junto do eleitorado de esquerda, José Sócrates considerou que "sempre que o PS enfraqueceu a direita foi para o poder".
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse que gostaria de "saber qual é a diferença" entre PS e PSD "nas questões estruturantes", acrescentando que "este governo do PS é o do Código de Trabalho, que encetou uma ofensiva clara ao Serviço Nacional de Saúde, aos direitos dos trabalhadores, reformados e empresários".
Questionado sobre se pediria o apoio do PCP a um governo minoritário socialista, Sócrates afirmou que "este não é momento" para falar nisso, sublinhando que "o PS candidata-se para uma aliança com o país e pedindo condições para governar".
Num debate pontuado raras vezes pelo diálogo directo entre os dois candidatos, outro dos temas abordados foi a relação entre o executivo e os sindicatos.
Jerónimo de Sousa acusou o governo de ter "uma má relação com os sindicatos", adoptando "uma posição muito fechada e arrogante", afirmando que não foi "a força do PCP" que causou as "maiores mobilizações desde o 25 de Abril", mas "as políticas erradas, contrárias aos interesses e aos direitos".
"A cultura da procura de compromisso é absolutamente indispensável", tal como a existência de "sindicatos autónomos, que não estejam ao serviço de qualquer estratégia partidária", argumentou Sócrates, lembrando que o Governo tem o dever de "arbitrar" os interesses dos sindicatos e o interesse geral.
Em concreto, sobre os protestos dos professores às medidas do governo, Jerónimo de Sousa acusou o executivo de "hostilizar" e atingir a classe "nas questões nevrálgicas", enquanto o líder socialista defendeu que "o anterior sistema de ensino não servia o país", afirmando-se "muito disponível" para ouvir a classe e procurar soluções para "um sistema de ensino mais forte".
Lusa
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