sexta-feira, 18 de setembro de 2009

DESBAPTIZAÇÃO

Na diversidade de livre-pensadores ateístas, muitos nasceram em famílias cristãs e chegaram ao ateísmo depois de passar uma infância celebrando os rituais da igreja a que os nossos pais ou tutores pertencem.

O primeiro ritual da igreja cristã, da qual as diferentes «variantes» partilham, é o baptismo. O baptismo é um acto simbólico, que marca a entrada da criança para o reino de Deus, passando-lhe água na cabeça para simbolizar a «lavagem» do pecado original.

Mas esse ritual de iniciação na comunidade cristã não se limita ao simbolismo. Actualmente, a Igreja Católica Apostólica Romana, auto-declarada dominante em Portugal (e no mundo ocidental em geral), apresenta o registo de baptismos como a representação fiel do número de seguidores da sua igreja.

Sabemos (e a ICAR também sabe, mas ignora) que muitos de nós foram baptizados em criança mas que hoje não comungam da fé em nenhuma entidade mitológica da igreja, que rejeitam os dogmas dessa comunidade, ignoram os seus decretos, e até repudiam a história e os actos dessa igreja como instituição.

Se o ritual se limitasse apenas ao simbolismo, bastaria-nos a nós que abandonamos e renegamos a religião onde crescemos, considerar aquele acto como uma mera lavagem de cabeça. Mas não é assim. No registo de baptismo da igreja é escrito o nosso nome para nos vincular a essa religião, ainda sem nos perguntar se concordamos ou queremos entrar para o seio dessa comunidade.

A ICAR tem, nos últimos anos, apresentado os números de pessoas baptizadas ao governo para obter privilégios justificados pela sua superioridade numérica da população crente e seguidora da sua religião.

Porque hoje temos voz, opinião e vontade, cabe-nos a iniciativa de pedir a nossa apóstata, a revogação da nossa ligação à religião a que somos filiados, para que isso se traduza numa maior honestidade para nós mesmos e para a igreja a que estamos vinculados.

Como fazer?

A parte mais difícil é descobrir a data e a paróquia de baptismo. Essas informações estão inscritas no certificado de baptismo (que você já deve ter perdido), na cédula de casamento dos seus pais, ou na sua própria cédula de casamento (se se tiver casado pela igreja).

O pedido deve ser endereçado para o actual padre da paróquia do seu baptismo e um duplicado deve ser enviado «com conhecimento» para a diocese correspondente.

Se a resposta tardar, um novo pedido com recomendação de resposta pode ser necessário.

Apesar da lei de Acesso e Correcção de Dados Pessoais, a igreja não removerá por completo o seu nome do registo de baptismo, mas antes adicionará uma nota na margem mencionando «declarado apóstota».

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