sexta-feira, 11 de setembro de 2009

RESCALDO: PORTAS X MANUELA

A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, e o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, antigos colegas de Governo, enfrentaram-se esta quinta-feira num debate na RTP em que manifestaram discordâncias sobre os impostos e o rendimento social de inserção.

A presidente do PSD opôs-se à proposta do CDS-PP de cortar um quarto das despesas com o rendimento social de inserção, transferindo-se essa verba para as pensões, e contestou que se chame a essa prestação social "financiamento à preguiça".

"Há muitas pessoas que recebem esse rendimento por uma enorme necessidade e não podem nem devem ficar estigmatizadas por esse motivo. Eu penso que todas as generalizações são perigosas. Atribuir preguiça a quem recebe o rendimento social de inserção, genericamente, é algo que eu repudio genuinamente", afirmou Ferreira Leite.

Portas insistiu que o Estado não deve financiar "quem não quer trabalhar" e deve, isso sim, aumentar as pensões de quem "trabalhou toda a vida". O apoio aos desempregados "não tem nada a ver com o rendimento mínimo", sublinhou.

Quanto à política fiscal, os candidatos do PSD e do CDS-PP às eleições legislativas de 27 de Setembro criticaram o actual Governo do PS, acusando-o de ter aumentado "todos os impostos que havia para aumentar".

Nesta matéria, Portas procurou também demarcar-se de Ferreira Leite, alegando que, ao não propor uma baixa de impostos, a ex-ministra das Finanças vai basicamente manter na mesma a carga fiscal dos portugueses.

A presidente do PSD contrapôs que tem como objectivo uma futura redução de impostos, mas que não faz essa promessa porque faz questão de "falar verdade" aos eleitores e "os impostos não se baixam quando se quer, baixam-se quando se pode".

"É importante falar verdade, como falar claro", observou em seguida Portas, recordando que o CDS-PP assume como proposta um "desconto familiar por filho" no IRS, perda de receita que defendeu poder ser compensada com o fim da maioria das auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT).

Outro ponto de divergência foi o número de políticas, tendo o presidente do CDS-PP defendido que são necessários mais agentes, enquanto a presidente do PSD manifestou dúvidas sobre essa necessidade.

Ferreira Leite sugere que RTP convide Moura Guedes

Depois de se ter falado do fim do Jornal Nacional de sexta-feira da TVI, apresentado por Manuela Moura Guedes, a presidente do PSD disse a Judite de Sousa: "Eu ia lançar-lhe um repto relativamente ao ponto que levantou".

"Quando o professor Marcelo Rebelo de Sousa saiu da TVI foi convidado para a RTP para fazer os seus comentários e cá se mantém. Como a doutora Judite é directora, penso que de informação, eu sugeria-lhe que convidasse a Manuela Moura Guedes também aqui para o telejornal", acrescentou.

Judite de Sousa corrigiu que é apenas "directora adjunta" e não respondeu ao repto de Ferreira Leite.

Quanto à atitude do Governo em relação à comunicação social e aos negócios, Portas considerou que este "tenta controlar" esses sectores. Ferreira Leite sustentou que não tenta, "faz".

Portas e Ferreira Leite evitam comentar eventual coligação 

Portas alegou que Ferreira Leite, "não ganha sozinha" as legislativas, num debate em que ambos evitaram comentar a possibilidade de uma coligação entre os respectivos partidos.

No início do frente-a-frente televisivo, transmitido pela RTP, Manuela Ferreira Leite afirmou que o seu objectivo é que "o próximo primeiro-ministro não seja o engenheiro José Sócrates" e argumentou que para isso o PSD tem de sair vencedor das legislativas.

Ao longo do debate, Paulo Portas sustentou que o CDS-PP "é claro" nas diferenças em relação ao PS, enquanto o PSD "é ambíguo" e, no final, alegou que "a doutora Manuela não ganha sozinha".

"Como é que sabe?", interrogou a presidente do PSD.

Questionada sobre a possibilidade de governar com o CDS-PP, Ferreira Leite respondeu: "Eu não falo sobre cenários". Contudo, quis saber se Portas "tanto admite apoiar um Governo do PSD como do PS".

Sem esclarecer se admite ou não governar com aqueles dois partidos, Paulo Portas argumentou que "os votos no CDS servem para tirar de lá o PS", enquanto "no PSD há gente a defender o bloco central".


Lusa

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