terça-feira, 8 de setembro de 2009

RESCALDO: PORTAS X JERÓNIMO

O secretário-geral comunista e o líder democrata-cristão manifestaram esta segunda-feira preocupações comuns mas soluções divergentes em relação ao emprego e à economia, com Jerónimo de Sousa a demarcar as diferenças e Paulo Portas a atacar sobretudo o Governo.

Com algumas picardias, que animaram o debate, Jerónimo de Sousa e Paulo Portas convergiram nas preocupações face ao emprego, e à necessidade de apoiar as pequenas e médias empresas (PME), divergindo no papel do Estado e na política fiscal.

Para Jerónimo de Sousa, a valorização dos salários e dos direitos dos trabalhadores não é apenas uma questão de justiça social, mas também de dinamização do mercado interno.

Insistindo que o seu adversário é o Governo do PS e não o PCP, Paulo Portas rejeitou uma visão dicotómica entre patrões e trabalhadores afirmando que "é possível interessar o trabalhador pela produtividade da empresa e interessar o empregador pelos aumentos salariais".

Os dois líderes partidários concordaram nas críticas às alterações feitas pelo PS aos critérios de atribuição do subsidio de desemprego.

Depois de "competirem" sobre que partido defendeu mais as PME, Portas e Jerónimo divergiram na política fiscal, com o líder comunista a defender que sejam os grandes grupos económicos e financeiros "que andaram na jogatana e na especulação" a "pagar a justiça fiscal".

Já Paulo Portas defendeu a simplificação do IRS e "impostos mais moderados" para as PME.

O papel do Estado dividiu o líder do PCP e o líder do CDS-PP. Portas assinalou que os comunistas defendem "a apropriação colectiva dos bens de produção", uma posição contrariada por Jerónimo de Sousa que afirmou: "o que nos divide é a Constituição da República, que prevê a existência do sector público, privado e cooperativo".

Jerónimo considerou que as privatizações dos grandes sectores estratégicos, como a energia, que davam lucros, prejudicaram o interesse nacional.

"A EDP já foi do Estado e os preços também eram altos", contrapôs Portas, que insistiu na necessidade de verdadeira regulação e concorrência.
Se fosse Governo, Jerónimo de Sousa faria "um serviço nacional de saúde geral, universal e tendencialmente gratuito", como prevê a Constituição da República, uma referência várias vezes evocada no debate na SIC, e da qual Portas se demarcou.

"Para os que estão doentes, esse comando constitucional não lhes trata da doença", frisou Paulo Portas, afirmando-se "mais prático" e defendendo que, na falta de capacidade do Estado, deve contratualizar-se com o sector social e privados.

O líder do PCP defendeu no reforço do investimento público, atacando o PS por "desprezar o SNS" para entregar a parte lucrativa, "o bife do lombo", aos privados.

Na agricultura, Jerónimo centrou-se na necessidade de intervenção estatal para baixar os custos de produção, como os combustíveis.

Paulo Portas, que disse que o PCP e o CDS-PP "foram os únicos" a falar da agricultura, insistiu nas críticas á "incompetência" do actual ministro por perder "milhões de euros em fundos comunitários", críticas partilhadas por Jerónimo de Sousa.


Lusa

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