Ao que parece o governo pretende que o acordo ortográfico comece a ser aplicado em 2010. Mas, felizmente, o governo não tem capacidade para impor um acordo ortográfico. Poderia impô-lo através do ensino, o que demoraria décadas, mas para isso o ensino público teria que ter capacidade para ensinar a escrever sem erros ortográficos. Dado que o acordo ortográfico envolve pouco mais do que 1% das palavras usadas na língua portuguesa, o ensino público teria que ter capacidade para ensinar os seus alunos a escrever com muito menos que 1% de erros ortográficos, digamos, 0.1%. Caso contrário, o acordo seria irrelevante. O que são algumas palavras com consoantes duplas num texto com erros ortográficos bem mais graves? É mais que evidente que o ensino público não tem capacidade para ensinar os alunos a escrever sem erros de acordo com uma norma, seja ela qual for. Os portugueses continuarão a escrever como bem entenderem.
PS – O Público não vai adoptar o acordo ortográfico. Boas notícias. É uma dissidência saudável numa sociedade que se pretende livre.
João Miranda
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