sexta-feira, 4 de setembro de 2009

RESCALDO: LOUÇÃ X JERÓNIMO

O debate entre os líderes do PCP e BE foi hoje marcado pela convergência entre Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã, que centraram as críticas na política económica do PS, sem nunca entrarem em diálogo directo.

Sobre eventuais alianças com um eventual futuro Governo socialista, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã foram também coincidentes na resposta negativa, sublinhando que "o PS não vai mudar de rumo".

No debate televisivo transmitido pela SIC, nem Jerónimo nem Louçã se preocuparam em sublinhar as diferenças entre os dois partidos.

"O PCP e BE têm histórias diferentes, tem havido convergências significativas em grandes combates nas questões em que o Governo foi mais absolutista", afirmou o líder do BE, apontando o Código do trabalho como um dos exemplos mais marcantes.

Também Jerónimo de Sousa preferiu apontar o BE apenas como um partido "concorrente", sublinhando que o adversário do PCP é "a política de direita e os seus executantes".

Questionado sobre eventuais coligações ou entendimentos pós-eleitorais, o secretário-geral comunista questionou sobretudo a utilidade de uma aliança com o PS.

"O primeiro-ministro já afirmou que não vai alterar o rumo. Se não altera, mantém, como é que o PCP pode andar a apregoar um discurso, uma política de verdade, e depois a troco de um acordo e de uns lugares renegar todo esse património?", questionou Jerónimo de Sousa.

Na mesma linha, o líder do BE garantiu que o partido está preparado "para assumir a responsabilidade de cada voto" mas considerou que nem José Sócrates nem Manuela Ferreira Leite merecem ser primeiro-ministros: "São parte do problema e não parte da solução", destacou.

A situação económica do país dominou grande parte dos 45 minutos de debate, em que Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã enumeraram 'bandeiras' dos respectivos programas eleitorais - nacionalização da banca, no caso do PCP, ou o imposto sobre as grandes forunas, proposta do BE - coincidindo na defesa da concentração dos recursos na valorização dos salários e combate ao desmeprego.

PCP e BE lembram "incómodo" dos socialistas com Jornal de Sexta

"Eu não quero fazer juízos de intenções mas a verdade é que há um histórico, tendo em conta decisões do congresso do PS, o bloqueio de ministros à TVI", salientou Jerónimo de Sousa, durante o debate televisivo com Francisco Louçã.

Sublinhando que era conhecido "o incómodo" do Governo e do primeiro-ministro em relação ao Jornal de Sexta, o secretário-geral do PCP citou o ditado popular: "à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecer".

Também Francisco Louçã questionou a "coincidência" do cancelamento do Jornal de Sexta da TVI com a véspera das eleições: "O primeiro-ministro disse que não há interferências, mas algumas ocorreram".

Sublinhando que a "volúpia de controlo" da comunicação social tem uma longa história, Francisco Louçã considerou que ocorreu no Governo PSD/CDS o "primeiro grande episódio de asfixia democrática", com o afastamento de Marcelo Rebelo de Sousa dos comentários da TVI.

"O critério da liberdade de informação tem de estar acima de qualquer Governo", defendeu.


Lusa

 

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