sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

OBRA DO PROFESSOR PEDRO SOUSA DIGNA DE APLAUSO

É comum a referência às Bandas Filarmónicas como uma espécie de “parente pobre” das orquestras sinfónicas ou ainda como uma variante amadora da arte musical.Esta referência, tantas vezes usada com conotação pejorativa, tem vindo cada vez mais a cair em desuso, muito por força da notável evolução artística das nossas bandas (designadamente as civis), pela capacidade e dinâmica que elas exibem, pelo crescimento e desenvolvimento dos agentes directos das bandas (executantes, maestros, directores, etc.) e indirectos (escolas de música, empresas de instrumentos musicais, etc.).O aparecimento do portal bandasfilarmonicas.com é, na nossa ainda assim suspeita opinião, o corolário e prova desta forma diferente e mais honrosa de olhar as bandas, sinal inequívoco do respeito que cada vez mais granjeiam.O motivo desta introdução é a apresentação pública de um trabalho que faz prova, também, do investimento e interesse que as bandas e a música filarmónica têm despertado e que tem servido de mote à inovação, ao desenvolvimento e crescimento qualitativo das mesmas.Se por um lado se realizam, agora e só agora, trabalhos como o que agora anunciamos, também é certo que para construirmos o futuro é fundamental conhecermos o passado e as nossas origens.É pois na lógica e convicção deste axioma inatacável que o TCor Artª Pedro Marquês de Sousa se lançou num trabalho formidável e pioneiro que constitui património de valor inestimável para toda a comunidade filarmónica.Este Oficial do Exército, actualmente director de uma Banda Filarmónica, juntou à pesquisa exaustiva que efectuou (e continua a efectuar) a sua experiência como músico filarmónico, como estudante do conservatório de Lisboa e actualmente como professor de História na Academia Militar para preparar a obra que será editada brevemente: "HISTÓRIA DA MÚSICA MILITAR PORTUGUESA".Embora partindo do estudo das bandas militares, esta obra aborda também a origem, o desenvolvimento e a evolução das Bandas de Música civis (Filarmónicas).Como é sabido, as diversas obras sobre História da Música editadas em Portugal não fazem qualquer referência às Bandas de Música, militares ou civis, num injusto esquecimento que é ainda mais sentido, num país como o nosso, onde este fenómeno teve e tem uma grande importância na cultura musical. Nesta obra é apresentada a evolução orgânica e instrumental dos agrupamentos musicais militares, em particular das Bandas, caracterizando também a sua dispersão territorial que influenciou o desenvolvimento desta dimensão na sociedade civil, na província e até nas antigas colónias (África, Índia e Macau)Em jeito de introdução, e para aguçar o apetite de todos os filarmónicos, deixamos aqui uma breve descrição/introdução que nos foi facultada pelo próprio autor:Esta obra pioneira sobre a História da Música Militar Portuguesa, aborda a função da música na instituição militar, desde o seu carácter funcional ao artístico, bem como a evolução da organização e do instrumental dos agrupamentos musicais das forças militares e de segurança.Na transição da idade média para a idade moderna, o aparecimento das armas de fogo revolucionou a forma de fazer a guerra e a organização militar recorreu à música dos tambores e clarins, não apenas pelo seu efeito psicológico mas também para desempenhar uma verdadeira função operacional, na transmissão de ordens e na coordenação das manobras tácticas. No século XVIII, a estética do absolutismo influenciou também a constituição e a função dos agrupamentos musicais militares e no século XIX com o liberalismo, a música militar estabeleceu um contacto mais próximo com a sociedade civil.A história da música militar caracteriza também a condição dos músicos e o importante papel que estes desempenharam na metrópole e nas antigas colónias, na divulgação e no ensino da arte musical. Os músicos militares criaram uma verdadeira “escola de instrumentos de sopro” que foi marcante na música clássica e mais tarde também na música ligeira. Como refere Maria José Borges a propósito da herança deixada pelas Bandas Militares na cultura nacional (Portugal e a Regeneração - Vol X da Nova História de Portugal, Dir de Joel Serrão e Oliveira Marques – 2004 ) é curioso constatar que Portugal tem, ainda hoje, muito melhores instrumentistas de sopro do que de cordas.

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